quinta-feira, 27 de junho de 2013




23 de Abril de 2013


   Aqui estou eu, mais um dia a esquecer estas palavras sem sentido, ditas e escritas ao vento, já ninguém as quer ler, já ninguém as quer ouvir.
   Vou-te contar uma história, algo que se calhar já ouviste, ou até mesmo já conheceste. Não sei onde estás, já não te sinto há tanto tempo, já não sei quem és! Já não sei como és!
   Nesta historia quem reina é a dor, a mágoa, a desilusão e acima de tudo a saudade. Era uma pequena menina, tornada mulher em tão pouco tempo que já nem há memória da sua pequena e frágil infância, ela tinha um sonho tão lindo, tão mágico, queria dançar até ao céu, dançar até a última nuvem, desaparecer em todo o céu. O seu mundo estava trancado, ninguém o podia visitar, ninguém lá podia entrar, ela tinha uma pequena portada voltada para o mar que dava para o seu jardim, a janela aberta obrigava a maresia a entrar para dentro daquele mundo paralelo da pequena grande mulher, um dia em que o sol brilhava lá fora, o mar estava tão calmo, tão azul como o céu. A menina abre a portada e a brisa beijara-lhe a cara, o vento acariciava o cabelo preso, a areia aquecia-lhe os pés feridos e calejados da vida, o mar vinha e molhava-lhe as pernas. Ela dava pequenas passadas deixando as marcas para trás na areia molhada.
   A casa já estava longe, o seu mundo ficara para trás por breves segundos, minutos até mesmo horas, ela sentia a liberdade das ondas, ela sentia-se livre. Sentou-se, a areia estava tão quente, o sol sorria para ela, deitou-se, fechou os olhos e adormeceu, teve um sonho tão lindo, tão real que conseguia sentir as nuvens macias nos pés, a brisa do mar carinhosamente beijava-lhe a cara e lentamente esta desperta a pequena princesa. 
   Já à noite, na sua varanda, olhava o mar para ter a certeza que a sua noite ia ser bem passada, o baloiço dançava ao sabor do vento, ela revivia os seus tempos de criança quando a sua imaginação podia voar sem porquês, nisto uma pequena lágrima escorreu pelo seu rosto. Mas porquê? Estava tudo tão calmo, mas algo estragou o paraíso da princesa.
   Há uns anos esta grande e frágil mulher foi surpreendida pela vida, tudo o que era garantido e aparentemente fácil de conquistar se desmorona, uma estupida lesão faz com que todas as ilusões se tornassem em memórias e algo inalcançável. A vida deixou de ter cor, todas as noites tinha o mesmo sonho, há noites que sonhava o mesmo, no entanto sentia-se feliz pois conseguia fazer tudo aquilo que desejava, contudo tinha o seu sonho completamente inalcançável.
   Noites se passaram, a praia continuava deslumbrante, todos dias dava longos passeios bem juntinho ao mar, pensava na vida, de como seria ser amada uma vez na vida, pensava que conseguira encontrar aquele tesouro tão escondido que era o amor, quem sabe não iria dar à costa numa tarde quente de Verão ou numa noite chuvosa de Inverso, fazia planos, escrevia versos na areia para que o mar pudesse ler e apagar com a sua fúria ou a sua calmía.
   Estava no seu baloiço quando lhe batem à porta, quem poderia querer visitar alguém sem rumo, sem nada. Seria alguém enganado, perdido. Abriu-se a porta e nisto alguém tão conhecido dela cai-lhe nos braços sem consolo, desamparado, com medo. Pediu-lhe abrigo e porque não? Se era alguém de confiança? Que fique então, ela já não tinha nada a que se agarrar e lutar. Naquela noite tudo era estranho, finalmente tinha alguém ali para ela, mas porque ela a escolhida? Qual a razão?
   Dias se passaram, todo o passado foi relembrado e com ele se reconstruiram laços e com eles a cumplicidade. Ele encontrou nela um refúgio, ela encontrou nele uma razão para lutar, ele sabia tudo dele e ela tudo o que ele era. Acompanharam-se em tudo e acima de tudo sorriam.
   Os seus passeios tornaram se mais fáceis quando os faziam juntos, o medo desaparecia, até o mar se iluminava quando os dois estavam juntos.
   Numa noite de luar, de mar calmo e brilhante, iam os dois, agarrados pelas mãos, quando ele parou, mantendo-a a sua frente, olhou-lhe nos olhos, respirou o mais fundo possível e murmurou uma simples palavra. Ela não a entendeu e ele repetiu-a, desta vez um pouco mais alto, ela estremeceu, corou e retribuiu a seguinte palavra “Amo-te!”. Eles ao som do mar, beijaram-se, com um toque tão suave e subtil, sentaram-se junto ao mar. A noite ia alta, mas para eles ainda nem teria começado, em casa, partilharam a mesma cama, fizeram aquilo que nunca pensaram, sentiram-se como nunca, tiveram uma quente e maravilhosa noite. No outro dia ao acordarem juntos julgaram que tinham conquistado o céu.
   A frágil e pequena mulher ganhou o motivo para viver e lutar, ganhou cor na sua vida, ganhou uma vida e finalmente, descobriu o significado de amor e encontrou alguém que realmente a amava. E o seu sonho? O seu sonho ao fim de alguns anos finalmente o realizou, contra todas as adversidades! Hoje está em todos os palcos do mundo com o mar nos seus pés

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