terça-feira, 23 de abril de 2013

Diário da tua partida



07 de Março de 2013

   Acho que nunca fiz tal coisa, ainda hoje acho estúpido  sempre achei que os diários fossem escritos por pré adolescentes incompreendidos onde vêm problemas em tudo, fazendo grandes dramas. Nunca percebi a intensão de escrever num caderninho trancado, contudo, hoje estou a escrever a página deste caderno, não sei bem porque mas senti necessidade. Tenho saudades tuas.
   Já se passaram uns aninhos, sinto-me como a idade pesasse e a vontade de viver já não existisse. Aquele dia não se quer apagar da minha memória, aquele dia em que deixaste de fazer parte do meu crescimento, não sei porque te foste embora, eu esperava por ti toda a minha vida se fosse preciso, ainda hoje te espero.
   A minha vida mudou desde que foste embora do meu mundo, foste embora não te despediste de mim. Sabes que ainda te sinto? Ainda sonho com a tua chegada, com o teu beijo, quando te vejo ainda sei de cor o teu sorriso, o teu jeito, o teu cheiro. Eu nunca te esqueci mesmo com o passar de todos estes anos, nem com a idade avançada que tenho me esqueci de tudo, uma vida. Quando passo por ti todos os dias sinto-me tão bem, sinto que mesmo sem mim ou longe me proteges e procuras.
   Foste embora sem pensares no que sentia, como iria reagir. Era apenas uma criança que estava a passar uma fase difícil e tu foste embora sem dizer adeus, ainda hoje te espero. Os teus olhos revelam tantos segredos, mas só eu os consigo descodificar. Não lutaste mais, apenas te limitaste a desistir, mas espero que saibas que ainda conseguias, tu superavas aquela dificuldade, mas agora já nada se pode reverter.
   Senti a estúpida necessidade de escrever isto e ainda por cima, o fiz para ti, mas serás que irás lê-la? Queres lê-la? Se calhar é essa a questão, de quereres ler tais palavras sem sentido, tais palavras soltas. Já passou tempo suficiente para me ter habituado à tua ausência, olha para ti e só me vem à memória todas a promessas feitas e que hoje não passam de palavras ditas ao vento, já passaram alguns anos desde que não te tenho, mas não, nas me habituei à tua falta.