terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sempre que me deixo levar

  
 Todos os dias, por volta da mesma hora mais ou menos, venho-me sentar aqui por debaixo desta árvore, tão antiga que alguma vez a história pode contar, venho para aqui simplesmente por vir, nunca sei bem o porquê, mas sinto-me tão bem que nem conseguirei alguma vez explicar, venho para aqui encosto-me àquela companheira de tão longa data e penso, penso como seria o mundo pintado com todas as cores, imagino como seria viver numa ilha tão longe e distante, rodeada apenas pelo mar e o branco areal aquecido pelo dourado e lindo sol. Imagino-me também a passear por longos campos, numa imensidão verde salpicado por lindas flores de todas as cores, sinto o vento bater-me levemente na cara, a erva macia a fazer-me caricias nos meus pés descalços, o sol quente a dourar a minha pele e aquele cheiro tão típico, tão selvagem, tão natural.
   Vejo-me no topo do monte mais alto das redondezas, vejo pequenas manchinhas brancas lá ao longe, são pequenas aldeias tão antigas, então fecho os olhos, deixo-me levar pela brisa, sou propriedade do vento, sou tão livre como ele, percorro o mundo ali naquele mundo, sou viajante do tempo, da vida, deste mundo tão grande, sou fruto da liberdade da natureza, sou simples como aquele mar que, ao longe, tantos medos faz temer e sou eu aquela criatura que nunca será domada, que nunca será presa em lado algum e nunca será a presa de alguém.
   É ao sentir isto, imaginar tudo isto, viver aquela fantasia tão inexplicável, que sinto algo bater-me na cara, como que alguém que nos quer acordar, então é aí que os meus olhos se abrem e vêem algo familiar, vêem a árvore, aquela companheira plantada no jardim de casa, é ela quem me acorda, é ela quem me faz ter esperança que dia após dia algo pode mudar, nenhum momento é igual ao outro, que vale a pena voltar lá para sentir o mesmo, é ela quem me promete todos os dias uma aventura totalmente diferente da anterior e sei que ela nunca me desiludirá pois nunca falta ao que, por sonhos, me promete, nunca me deixa triste por não fazer o que me mostra, mesmo que na imaginação!

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