A
neve cai suave na rua, e como é bela, sem pedir, pinta a relva, o caminho, as
casas e os telhados. Como é belo o verdadeiro Espírito de Natal! Lá fora o frio
torna-se acolhedor, cá dentro a lareira convida à partilha, convida ao amor. Na
cozinha vem um aroma quase celestial, três gerações juntas a criar um sabor tão
especial, avó, filha e neta trocam sabores, juntam experiências e adicionam
muito amor para a tão tradicional ceia familiar.
A
Lua vai bem alta, a neve teima em não parar de cair e as crianças, cada vez
mais impacientes, escolhem e juntam-se à primeira e maior prenda que querem
abrir, os adultos, fingindo não ligar, divertem-se com as reações dos pequenos.
E a hora mais mágica chegou!
Nas
ruas, há luzes por toda a parte, tantas luzes que ofuscam todo o brilho do
Natal, as andam loucas, num corrupio de loja em loja, as mãos já não aguentam
com tantos sacos, há prendas por todo o lado, embrulhos em cada esquina. Não se
cheira a Natal na rua, apenas fumo de carros, metros e sabe-se lá mais o quê. Em
casa, as famílias mal se olham, as crianças não largam os videojogos, as
tecnologias todas, a ceia, que fora encomendada há dias atrás, é aquecida e
servida, todos comem e nem são partilhadas memórias. A hora chegou, abrem-se as
prendas que são previamente escolhidas e compara-se qual a prenda mais cara.
Nem
são todos iguais, mas o Espírito de Natal devia ser o mesmo. Sem-abrigos
juntam-se debaixo da ponte e partilham, partilham um simples pedaço de pão, que
é tudo o que lhes resta, quem o teu. Por não terem casa, também não têm Natal?!
Por não haver dinheiro ou um monte de prendas não é considerado Natal?! O que é
mais importante?! Prendas, bens materiais e dinheiro? Ou comunhão, Partilha e o
único e verdadeiro Espírito de Natal?
Mas
e no fim de contas, o que é o Natal?
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