segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Vamos lá fazer contas de Natal.


    
 
 
     Diz-se que é Natal, diz-se que é tempo de paz, amor e luz, diz-se que é tempo de por o rancor de parte e perdoar. Diz-se tanta coisa… No Natal todos mudam, no Natal tudo fica diferente do resto do ano. As crianças brincam à lareira, perto da árvore de Natal, abanam as prendas para tentarem saber o que esconde o papel de embrulho. Mas no fim de contas, o que é o Natal?...

     A neve cai suave na rua, e como é bela, sem pedir, pinta a relva, o caminho, as casas e os telhados. Como é belo o verdadeiro Espírito de Natal! Lá fora o frio torna-se acolhedor, cá dentro a lareira convida à partilha, convida ao amor. Na cozinha vem um aroma quase celestial, três gerações juntas a criar um sabor tão especial, avó, filha e neta trocam sabores, juntam experiências e adicionam muito amor para a tão tradicional ceia familiar.

     A Lua vai bem alta, a neve teima em não parar de cair e as crianças, cada vez mais impacientes, escolhem e juntam-se à primeira e maior prenda que querem abrir, os adultos, fingindo não ligar, divertem-se com as reações dos pequenos. E a hora mais mágica chegou!

     Nas ruas, há luzes por toda a parte, tantas luzes que ofuscam todo o brilho do Natal, as andam loucas, num corrupio de loja em loja, as mãos já não aguentam com tantos sacos, há prendas por todo o lado, embrulhos em cada esquina. Não se cheira a Natal na rua, apenas fumo de carros, metros e sabe-se lá mais o quê. Em casa, as famílias mal se olham, as crianças não largam os videojogos, as tecnologias todas, a ceia, que fora encomendada há dias atrás, é aquecida e servida, todos comem e nem são partilhadas memórias. A hora chegou, abrem-se as prendas que são previamente escolhidas e compara-se qual a prenda mais cara.

     Nem são todos iguais, mas o Espírito de Natal devia ser o mesmo. Sem-abrigos juntam-se debaixo da ponte e partilham, partilham um simples pedaço de pão, que é tudo o que lhes resta, quem o teu. Por não terem casa, também não têm Natal?! Por não haver dinheiro ou um monte de prendas não é considerado Natal?! O que é mais importante?! Prendas, bens materiais e dinheiro? Ou comunhão, Partilha e o único e verdadeiro Espírito de Natal?

     Mas e no fim de contas, o que é o Natal?

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