quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Natureza tão bela, o que és tu?


  
  











   Hoje dei por mim a pensar na beleza que existe do lado de lá das quatro paredes de casa. Observei a calma do desabrochar das flores, vi o sol nascer todas as manhãs, ouvi o piar dos pássaros no beiral da minha janela, registei cada metamorfose das pequenas lagartas, senti o cair das folhas em todos o Outonos e arrepiei-me como o suave sopro do vento.
   Cheguei a conclusão que nem sempre damos conta de tão pura realidade, corremos para nunca chegar tarde, vivemos numa vida que não pode fazer pausas para abrandar e ver simplesmente a paisagem.
   Nesta vida nada é seguro, tudo nos pode fugir numa simples rajada de vento. Lembro-me daquele conto que me contavam todas as noites, fazia-me sonhar e voar até ao mundo da fantasia, ainda hoje sei cada palavra de cor, como se o estivesse a ouvir mesmo agora.
  Falavam de uma sereia que todas as manhãs vinha à beira mar simplesmente olhar para o horizonte, fazia-lo todos os nasceres do sol, até que um dia quando estava sentada a cantar para as ondas e recostou-se numa pedra, almofada pelos limos trazidos pelas águas, e ai adormeceu. Um bonito rapaz passeava pela praia calmamente, olhava para o mar, lembrava-se de tudo aquilo que ele lhe tirou, derramava algumas lágrimas enquanto se recordava de tudo… pertos das rochas viu tal ser tão belo, mas tão diferente que o fascinava, aproximou-se dela, viu que mesmo tão desigual era mais bela que todas da aldeia. Sentou-se ao lado dela e apenas observou em silêncio até ela despertar.
   O Sol irradiava na cara suave da sereia, aos poucos voltaria à realidade, a primeira coisa que viu foram aqueles apaixonantes olhos azuis, a olhar para os verdes dela, sobressaltou-se embora não tivesse tido medo, ele apenas conseguiu interroga-la: “Estás bem? Encontrei-te aqui sozinha e quis saber o que tinha acontecido!” Ela simplesmente lhe sorriu, foi suficiente para ele ficar preso àquele sorriso, mas ela sabia que não poderia dura para sempre, pois ela tinha barbatanas e ele medo do mar, não que fosse medo, mas era revoltado.
   Todas as manhas, a partir daquele dia, se encontravam naquele mesmo local. A sereia cantava para ele e este contava-lhe todas as histórias que conhecia, tanto do mundo real como todos os mistérios que cada onda trazia. O pai da sereia sabia deste amor e sem que a filha soubesse fez com que tudo o que ela mais queria se tornasse real… Ainda dizem que todos os dias, naquele mesmo local os amantes se encontram como símbolo deste maravilhoso milagre: o puro amor.
   Hoje esta história faz-me lembrar que damos importância a coisas que não valem a pena, porque seguir aquele caminho e não movermo-nos com a paisagem? Com subidas e descidas, rectas e caminhos sinuosos, passagens livres e obstáculos?

1 comentário:

  1. A tua sensibilidade surpreende -(me)! Por mais doloroso que seja o caminho, por mais obstáculos que sintamos a cada passo, "nunca é tarde para lutar".
    Parabéns! Faz da escrita uma arma contra a ignorância, contra o comodismo... Deixa-te crescer assim, atenta e perspicaz, mesmo que doa!

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