quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Verde campo




















  Aquele verde que pela janela vejo, faz-me sentir livre, a beleza de cada ponto radiante de cor lá longe. Saiu daquela casinha pequena e envolvente, que sempre desejei ter, sinto a erva macia massajando os meus pés… quero sentir aquela caricia que me fazias, cheirar de novo aquelas rosas que um dia me deste a quando o meu primeiro recital, lembraste? Ainda as tenho guardadas, mas já não me lembro qual o seu perfume doce, estão guardadas naquela gaveta fechada com uma pequena chave que todos os dias trago comigo pendurada ao pescoço.
   Não esqueço aquele dia, em que a única pessoa que eu via sentada naquela plateia eras tu, aplaudias-me de pé, gritavas o meu nome, naquele momento nada mais existia, naquele momento só tu estavas lá. As cortinas fecharam- se, o sorriso radioso invadia-me os lábios, sabia que a primeira pessoa que ia abraçar eras tu. Abri aquela porta um pouco perra, não te vi, mas um cheiro diferente havia naquela sala, olhei em frente e vi, bem perto do espelho, um grande ramo de lindas rosas vermelhas. Escrito no espelho com aquele batom, tão vermelho como a cor das rosas, estava: “Não são tão bonitas como tu, mas quando as vi lembrei-me de ti! Olha para trás!” Lentamente virei-me vejo-te com aquele sorriso tão belo como o meu, corres para me abraçar, mergulhamos num pequeno silencio, e rompeste-o quando me dizes ao ouvido: “Tenho tanto orgulho em ti, meu amor!”
   Hoje o brilho daquela dança já não é o mesmo, falta-me ver aquela pessoa lá em baixo a olhar e aplaudir para mim. Agora as cortinas fecham-se e uma lágrima escorre-me pela face, entro naquela pequena salinha o teu cheio desapareceu, as flores nunca mais ali entraram, o espelho continua escrito, continua com as tuas palavras, todos os dias ali entro, todos os dias me volto para a porta para ver se estás lá, mas nada vejo…
   Saiu da casinha pequena, e sinto a erva macia, danço aquela música bem calma, aquela que tu mais gostavas de ver, aquela que tu mais querias que dançasse só para ti, danço para aquele grande verde salpicado com pequenas manchas de cor viva, alguns vestígios de vida para quem já nem acredita.
   Todas as noites olho para as estrelas, todas as noites pergunto porque já não te tenho aqui ao meu lado, porque não me acaricias mais o cabelo com as tuas mãos magias e suaves. Pergunto que mais tenho eu que viver, valerá sofrer assim? Quero voltar a ter-te aqui, para mim…

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