sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A bailarina do quarto encantado



    Como são lindas as flores que nascem livres e selvagens no jardim lá de casa, acordam todas a manhãs com a caricia calorosa do sol. Todas as suas cores deslumbram pessoas em todo o mundo, a sua vivacidade inspira muitos poetas.
   Ao olhar pela janela do meu quarto sinto o perfume tão natural de cada pétala, sinto a cor invadir a alma de alguém que sem esperança vive cada dia tão calmamente como o desabrochar das plantas pelo raiar do astro-rei. Alguém que um dia viu o amor de tão perto, mas que como por magia o viu passar-lhe por entre os dedos.
   Esse alguém fazia questão de a todas as madrugadas ser a primeira flor a acordar para ver um bailado mesmo diante dos olhos, sentir a magia do espectáculo, tentar esquecer quem um dia lhe roubou o coração, a alma de criança há muito adormecida dentro de si mesma… Essa criatura tão calma e serena sonha todos os dias, sonha com o primeiro raio de sol que lhe toca na face, imagina-se num grande palco do mundo, tão bela como uma flor, a dançar encantando multidões com simples passinhos de dança, imagina-se a triunfar, a desabrochar como uma flor pela manhã, no final de cada acto bailado, ouve os aplausos de entusiasmo, vê a multidão de pé com um brilho simples no olhar. Então ao abrir os olhos observa que a sua plateia está ali mesmo, no seu quarto, são os seu brinquedos de quando era ainda a princesinha lá de casa, e as flores, as flores que a inspiram, quando vê este cenário, dá alguns passinhos, improvisa a sua própria peça, o seu próprio bailado, até que em rápidos segundos olha para a porta do seu placo, a porta do quarto e vê que o espectador que mais via naquela imensidão estava ali, mesmo ao seu lado, ele pousa um ramo com magníficas rosas na cama, pega na mão dela e entra ele próprio num bailado calmo, sedutor e com grandes emoções envolvidas…
   Esta personagem que um dia sem esperança vivia, é agora a flor mais brilhante dos olhos de alguém que quando olhou para trás viu uma estrela frágil a quem tirou o brilho mais puro existente!

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