quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Liberdade do lado de lá





  
   Como era bom abrir a janela do quarto e poder sair com o vento, correr o mundo num pequeno sopro, passar por vales e serras, rios e mares, passar por povos e culturas e não parar para pensar. Como era bom voar com os pássaros e não ter asas, chegar às nuvens e não usar o avião, chegar ao céu sem ter que morrer, conquistar este mundo sem ter que dormir, ser criança com idade avançada.
   Eu sonhava em voar, sentir a força do vento como aquela personagem tão conhecida, sempre acreditei que o vento nos trazia algo, uma mensagem, um poder, não sei bem, mas algo nos traz. Sonhava também em ser como o herói que, com a força do seu amor se tornou imortal para poder viver e reviver novas épocas, ir em busca de algo diferente que nunca ninguém encontrou, sentir o cheiro do campo, das flores, da Natureza, ouvir o silêncio do dia, o canto dos pássaros, passar entre as folhas a abanar, das árvores, navegar na luz da noite, dormir na Lua e ver o seu outro lado.
   Como era bom tudo isto ser real, mas olho à volta, só vejo o meu quarto, só vejo a prisão da vida, as amarras, postas nos pés, como se de um preso se tratasse, a clausura do mundo lá fora, a liberdade que impera do lado de lá, e agora? Ela está tão perto e não lhe consigo tocar, agarra-la, apenas consigo vê-la, ouvi-la, senti-la à minha frente e não poder vive-la.
   Sinto-me cansada, farta de lutar contra esta prisão, contra a falta de coragem. Não chega querer, temos que lutar, mas e eu? Cansei de lutar contra estas correntes que me fecham nestas quatro paredes. Eu só queria voltar a sentir a relva molhada nos meus pés, mas o que sinto são as lágrimas que me escorrem pela cara.
   É tão injusto aqueles que realmente lutam não conseguirem o que realmente querem. O que deverão fazer depois? Desistir será opção? Ou lutar sem baixar a cabeça? Até quando?
 

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