Como era bom abrir a janela do quarto e poder sair com o vento, correr o
mundo num pequeno sopro, passar por vales e serras, rios e mares, passar por
povos e culturas e não parar para pensar. Como era bom voar com os pássaros e
não ter asas, chegar às nuvens e não usar o avião, chegar ao céu sem ter que
morrer, conquistar este mundo sem ter que dormir, ser criança com idade
avançada.
Eu sonhava em voar, sentir a força do vento como aquela personagem tão
conhecida, sempre acreditei que o vento nos trazia algo, uma mensagem, um
poder, não sei bem, mas algo nos traz. Sonhava também em ser como o herói que,
com a força do seu amor se tornou imortal para poder viver e reviver novas
épocas, ir em busca de algo diferente que nunca ninguém encontrou, sentir o
cheiro do campo, das flores, da Natureza, ouvir o silêncio do dia, o canto dos
pássaros, passar entre as folhas a abanar, das árvores, navegar na luz da
noite, dormir na Lua e ver o seu outro lado.
Como era bom tudo isto ser real, mas olho à volta, só vejo o meu quarto, só
vejo a prisão da vida, as amarras, postas nos pés, como se de um preso se
tratasse, a clausura do mundo lá fora, a liberdade que impera do lado de lá, e
agora? Ela está tão perto e não lhe consigo tocar, agarra-la, apenas consigo vê-la,
ouvi-la, senti-la à minha frente e não poder vive-la.
Sinto-me cansada, farta de lutar contra esta prisão, contra a falta de coragem.
Não chega querer, temos que lutar, mas e eu? Cansei de lutar contra estas
correntes que me fecham nestas quatro paredes. Eu só queria voltar a sentir a
relva molhada nos meus pés, mas o que sinto são as lágrimas que me escorrem
pela cara.
É tão injusto aqueles que realmente lutam não conseguirem o que realmente
querem. O que deverão fazer depois? Desistir será opção? Ou lutar sem baixar a
cabeça? Até quando?
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